Vinil Chico Buarque - Chico Buarque 1978 (Azul Perolado Metalizado)
Clássico instantâneo da discografia de Chico, o álbum “Chico Buarque” chegou às lojas em novembro de 1978 já como sucesso: os 30 mil exemplares encomendados antecipadamente logo se multiplicaram e, em 1980, a revista “Manchete” noticiou vendagem de mais de 700 mil.
A capa resume: Chico Buarque sorrindo, sem o contraponto do famoso meme. Sem bigode, em um LP sem título (conhecido também como “disco da samambaia”, por causa da planta ao fundo do retrato), com um repertório que, na época, o próprio Chico definiu como “uma salada de frutas”.
A anistia viria somente em 1979, mas a faixa 1, o antológico samba “Feijoada Completa”, composto para animar uma cena de festa do filme “Se Segura, Malandro”, de Hugo Carvana, prenuncia a descompressão e o retorno dos exilados políticos. O arranjo de Francis Hime tira o melhor de um dream team de músicos, com espaço para solos de Raul de Barros, Márcio Montarroyos e Jorginho da Flauta.
Chico considera que, a partir deste LP, sua música “respira melhor”, menos oprimida pela censura. Três belíssimas canções finalmente liberadas engrossam, sem perder a ternura, o caldo politizado: “Tanto Mar”, feita para a Revolução dos Cravos, em Portugal, o sambão “Apesar de Você”, que já havia sido lançado em 1970 — e recolhido pela ditadura, depois de três meses de sucesso —, e “Cálice”, a mais importante delas. A parceria com Gilberto Gil aparece em sua forma definitiva de hino de geração, no arranjo épico de Magro, do MPB-4, e cantada em dueto com Milton Nascimento.
Três outras maravilhas, escritas para o musical “Ópera do Malandro”, têm sua primeira gravação, meses após a estreia nos palcos: “O Meu Amor”, dueto/duelo entre Elba Ramalho e Marieta Severo, a genial “Homenagem ao Malandro”, com outro arranjo muito feliz de Magro, e “Pedaço de Mim”, confluência com o assombro sobrenatural da voz de Zizi Possi e a musicalidade divina de Milton Nascimento (autor do arranjo).
A isso somam-se duas parcerias de Chico com Francis Hime que servem para exemplificar em letra, melodia, arranjo e interpretação a genialidade desse encontro: “Trocando em Miúdos” e “Pivete”.
E ainda há espaço para Chico mostrar versatilidade. Como intérprete, em “Pequeña Serenata Diurna”, do cubano Silvio Rodríguez, e, como Chico Buarque sorridente, em “Até o Fim”, que definiu como “uma música de curtição no estúdio”, em que se permitiu gravar o próprio violão e esparramar autoironia — um Chico Buarque rindo de si mesmo.
Pedro Só
Repertório do LP:
Lado A:
A1. Feijoada Completa
A2. Cálice
A3. Trocando Em Miúdos
A4. O Meu Amor
A5. Homenagem Ao Malandro
Lado B:
B1. Até O Fim
B2. Pedaço De Mim
B3. Pivete
B4. Pequena Serenata Diurna
B5. Tanto Mar
B6. Apesar De Você